Cybersegurança: por onde começar os investimentos?

Investir em cybersegurança tornou-se indispensável para empresas brasileiras, dado o crescente número de ataques cibernéticos que impactam o setor privado e público.

Segundo dados do Olhar Digital, somente no primeiro trimestre de 2024, o Brasil registrou um aumento de 38% nos ataques cibernéticos em relação ao final de 2023, superando a média global de 28%​. Empresas de diversos setores estão expostas a ameaças como ransomware, que vem crescendo significativamente no país. Em 2023, o Brasil sofreu mais de 88 bilhões de tentativas de ataques​, demonstrando a vulnerabilidade do ambiente digital brasileiro.

O impacto desses ataques é enorme. No setor público, em janeiro de 2024, órgãos governamentais registraram uma média de 32 ataques por dia, prejudicando diretamente a prestação de serviços essenciais​(EY US). Para as empresas privadas, essas ameaças representam não apenas perda financeira, mas também danos à reputação e interrupção operacional.

1. Por onde começar os investimentos?

Muitas empresas, especialmente no Brasil, ao tentar iniciar sua jornada em cybersegurança, acabam se sentindo perdidas sem saber como dar o primeiro passo. Por onde começar os investimentos? Deve-se comprar um firewall, DLP, SIEM, NDR, EDR, XDR? A sopa de letrinhas só aumenta! 🙂

Um dos grandes desafios enfrentados é a falta de clareza, o que leva essas organizações a serem atraídas por promessas de fornecedores de “soluções de cybersegurança” que alegam oferecer ferramentas automatizadas capazes de resolver todos os problemas, apresentando-se como especialistas em todas as áreas.

É comum vermos a gestão tendo uma falsa sensação de segurança por depositar a sua confiança apenas em produtos, de fabricantes renomados, mas que na maioria das vezes estão subutilizados e deficientes.

É fundamental reconhecer que não existe uma tecnologia de cybersegurança capaz de solucionar todos os desafios de maneira eficiente e completa por conta própria.

2. Avaliação de Riscos.

O ponto de partida para a implementação de cybersegurança em sua empresa é identificar quais são os ativos mais críticos da sua infraestrutura e priorizar a proteção deles.

O recomendado é iniciar uma Avaliação de Riscos Cibernéticos que avalie processos, tecnologias, a maturidade dos colaboradores e a postura da liderança daquela organização quanto à segurança das informações.

A avaliação de riscos ajuda a identificar, analisar e classificar potenciais falhas que podem ser exploradas por agentes maliciosos, permitindo que a empresa tome medidas preventivas antes que os problemas ocorram.

É essencial compreender as áreas mais frágeis e saber o que proteger. Uma avaliação de riscos robusta identifica os ativos mais críticos da organização, como dados sensíveis de clientes, sistemas financeiros e redes de comunicação, e avalia o impacto de possíveis ataques e desastres. A partir disso, é possível desenvolver uma estratégia de mitigação, priorizando os riscos mais críticos.

Além disso, o processo de avaliação de riscos auxilia as empresas a se manterem em conformidade com regulamentações, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil. O não cumprimento dessas normas pode acarretar multas elevadas e danos à reputação.

Uma boa avaliação de riscos cibernéticos analisará políticas de segurança, processos de treinamentos dos colaboradores, tratamento de dados com fornecedores, conexões seguras, proteção antimalware e demais ameaças virtuais, uso de credenciais e senhas, controles de acesso lógico e físico, estratégias de backup e muito mais.

Sendo assim, a avaliação de riscos permite que as empresas planejem respostas a incidentes de forma mais eficiente.
Saber exatamente quais áreas precisam de proteção e onde os pontos fracos estão localizados ajuda a desenvolver planos de contingência que minimizam os impactos de um eventual ataque, garantindo a continuidade do negócio e a confiança dos stakeholders.

3. Avaliação de Vulnerabilidades Técnicas

Depois disso, recomendamos que seja feita a Avaliação (ou Análise) de Vulnerabilidades Técnicas. Esta é uma etapa crucial para a segurança das informações porque permite identificar e corrigir falhas técnicas nos sistemas e infraestruturas de TI antes que elas sejam exploradas por cibercriminosos.

Esta avaliação é mais aprofundada tecnicamente que a avaliação de riscos, pois as vulnerabilidades podem existir em software, hardware, redes ou até em configurações incorretas, e se não forem tratadas, podem levar a incidentes graves, como vazamento de dados, invasões e interrupções de serviços.

Esse processo proporciona uma visão clara dos pontos fracos em um ambiente tecnológico, permitindo que as equipes de segurança priorizem ações corretivas de acordo com o risco associado. Isso reduz a superfície de ataque, minimizando a probabilidade de que hackers consigam explorar brechas. Ao corrigir vulnerabilidades, a organização melhora sua resiliência e capacidade de prevenir ataques e responder rapidamente a ameaças emergentes, reduzindo o impacto de possíveis incidentes.

As entregas esperadas de uma análise de vulnerabilidades técnicas que podemos destacar são:

  1. Identificação de Vulnerabilidades: O principal objetivo é identificar falhas de segurança em sistemas, redes e aplicativos. Isso inclui descobrir vulnerabilidades conhecidas, como aquelas listadas em bancos de dados como o CVE (Common Vulnerabilities and Exposures)​.
  2. Classificação de Risco: Após identificar as vulnerabilidades, elas são classificadas de acordo com seu nível de severidade, utilizando métricas como o CVSS (Common Vulnerability Scoring System). Isso ajuda a priorizar as vulnerabilidades que precisam ser tratadas com mais urgência​.
  3. Recomendações de Mitigação: Com base nas vulnerabilidades identificadas, são fornecidas recomendações detalhadas sobre como remediá-las. Essas recomendações podem incluir atualizações de software, alterações de configuração e implementação de controles de segurança adicionais​.
  4. Avaliação da Superfície de Ataque: A análise permite entender melhor a superfície de ataque da organização, ajudando a identificar quais áreas são mais suscetíveis a invasões e onde os recursos de segurança devem ser concentrados​.
  5. Relatórios Detalhados: Um relatório abrangente é gerado, documentando as vulnerabilidades encontradas, suas implicações, classificações de risco e recomendações de correção. Esse documento é crucial para a alta gestão e equipes de segurança​.
  6. Conformidade Regulatória: A análise ajuda a garantir que a organização esteja em conformidade com regulamentações de segurança de dados, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e padrões da indústria, como ISO 27001​.

4. Teste de Intrusão (Pentest)

Com um verdadeiro teste de intrusão (Pentest) se comprova que as vulnerabilidades descobertas podem ser realmente exploradas e qual a probabilidade disso acontecer em um cenário real de ataque.

Um pentest confiável deve ser realizado de acordo com as melhores práticas, seguindo um conjunto de etapas bem definidas.

Referências como a OWASP (Open Web Application Security Project) e o NIST (National Institute of Standards and Technology) fornecem diretrizes robustas para esse processo:

  1. Planejamento e Definição de Escopo: Nesta fase inicial, é crucial definir os objetivos do teste, os sistemas e aplicações que serão testados, além de estabelecer limites e diretrizes para a execução do Pentest. O escopo deve ser claramente documentado para evitar mal-entendidos.
  2. Reconhecimento: Consiste na coleta de informações sobre o alvo, abrangendo dados como endereços IP, domínios e tecnologias utilizadas. Essa fase pode incluir tanto pesquisa passiva (coleta de dados disponíveis publicamente) quanto ativa (interação com o sistema).
  3. Varredura (Scanning): Utilizando ferramentas automatizadas, o pentester identifica portas abertas, serviços ativos e vulnerabilidades potenciais. Isso ajuda a mapear a superfície de ataque e a priorizar áreas de foco.
  4. Exploração: Aqui, o objetivo é explorar as vulnerabilidades detectadas. Os testadores tentam obter acesso não autorizado, demonstrando a gravidade das falhas encontradas e seu potencial impacto.
  5. Pós-Exploração: Nesta fase, os pentesters avaliam até onde um invasor pode chegar após uma exploração bem-sucedida. Isso pode incluir a extração de dados sensíveis e a verificação da capacidade de se mover lateralmente pela rede.
  6. Relatório: Após a conclusão do teste, um relatório detalhado é gerado, documentando as vulnerabilidades encontradas, suas implicações e recomendações para mitigação. É importante que o relatório seja claro e acessível para as partes interessadas.
  7. Reteste: Finalmente, após a implementação das correções recomendadas, um reteste é realizado para garantir que as vulnerabilidades foram efetivamente resolvidas e que a segurança do sistema foi reforçada.

Seguir esses passos não apenas fortalece a segurança da infraestrutura e aplicações, mas também ajuda as organizações a se prepararem para ameaças cibernéticas em constante evolução.

Conclusão

Diante dos grandes desafios que enfrentamos atualmente, cremos que, como nunca, os investimentos em cybersegurança precisam ser muito bem planejados para serem eficientes.

Apenas após identificar seus ativos digitais mais importantes, suas fraquezas e vulnerabilidades é que  a empresa estará em uma posição certa para investir nas soluções mais adequadas.

O cenário ideal é que esse processo seja acompanhado de testes contínuos, conduzidos por um parceiro confiável.

Já se foi o tempo de pensar que segurança é apenas um mal necessário. É necessária uma visão estratégica. O nosso papel é fazer com que a liderança da empresa esteja plenamente consciente de que cybersegurança deve ser vista como uma prática estratégica e contínua, e não como um gasto pontual. Isso implica educar a alta gestão sobre os riscos, as tendências do setor e a importância de manter investimentos regulares nessa área.

Seguindo esses passos, qualquer empresa estará no caminho certo para desenvolver uma maturidade sólida em cybersegurança e será capaz de enfrentar as ameaças de forma proativa e eficaz.

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Escrito por André L.R.Ferreira

Diretor da NETDEEP. Atua há 20 anos no desenvolvimento de produtos e tecnologias de Segurança de Dados para instituições privadas e públicas.

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